Afinal o que é a planta baixa? Porque nas construções vemos aquele amontoado de folhas sobre as mesas e muitas vezes os profissionais discutindo debruçados sobre elas?
Justamente porque as plantas baixas são as representações do resultado esperado de uma obra.
Se você vai construir uma residência, vai precisar saber o básico para interpretar esse monte de folhas, pois são elas que contém todas as informações de como será o resultado final da sua construção. Então vamos lá!
O que é e para que serve uma planta baixa
É nelas que estão desenhadas todos os estudos feitos pelo arquiteto e pelo projetista, por consequência, toda a expectativa do futuro proprietário.
Vista superior da construção
A planta baixa, tecnicamente falando, é a representação de um corte imaginário.
Tal corte ocorre no sentido horizontal a 1,5 m do nível zero da construção.
Ou seja, imagine a construção sendo cortada por uma serra a exatos 1,5 m de altura.
Em seguida, se retira a parte de cima da construção
O que teremos é exatamente a planta baixa da casa.
É como se estivéssemos olhando de cima, a 30 m de altura.
Uma curiosidade importante é que as vigas baldrames (os alicerces da casa), ficam posicionados exatamente em baixo das paredes.
Portanto, você perceberá que o desenho das paredes das plantas baixas coincide com o alinhamento dos baldrames.
A pergunta que pode surgir é a seguinte: Porque então cortar a perspectiva da casa a 1,5 m do nível zero da casa, já que o baldrame daria o alinhamento e os espaços dos cômodos?
A resposta é simples, porque cortando a 1,5 m de altura, a linha do corte passa exatamente no meio de janelas, portas e aberturas.
Dessa forma, ao olharmos o corte de uma vista superior, poderemos ver exatamente essa aberturas.
Todos as janelas, portas e outros, estarão representadas no corte da planta.
Cortes transversais e longitudinais
Além da vista superior, existem mais dois tipos de cortes que ajudam na interpretação técnica necessária pelos profissionais que trabalharão na obra.
1 – Corte Transversal
Imagine que sua casa tem as medidas de 20 m de comprimento x 10 m de largura.
O corte transversal, ou plano transversal, cortará o sentido mais longo.
Imaginem um plano cortando a casa ao meio, deixado-a com o comprimento de 10 m.
Esse corte mostrará as partes da construção que não aparecem na planta baixa.
Por exemplo, a inclinação de escadas.
1 – Corte Longitudinal
Da mesma maneira, agora porém cortando a casa em seu sentido mais estreito, o plano longitudinal deixará a largura da casa com 5 m.
Analogamente ao corte transversal, essa vista mostrará detalhes como a altura de mezaninos, ou mesmo o posicionamento de tomadas e tubulações hidráulicas.
E é justamente esse o objetivo principal de uma planta baixa, demonstrar através de desenhos, todos os componente estruturais que se farão presentes na construção.
Sua planta esta em Escala 1:50?
Não se preocupe, indiferentemente de qual escala seu projeto se encontre, a proporção dimensional será sempre a mesma.
Uma escala, exemplificadamente, é uma medida primária pré-estabelecida que se divide “n” vezes para que possa caber no espaço físico da planta, em outras palavras, será o mesmo desenho só que projetado em escala menor.
Por exemplo: Uma casa possui uma parede de 2 m.
Como podemos representar essa medida, diga-se de passagem, muito maior que uma folha comum, em uma planta baixa?
Todas as plantas baixas das construções precisam de escalas para serem demonstradas em folhas.
A leitura é muito simples, nesse caso o projetista atribuiu que a planta esta toda dimensionada em centímetros.
Poderia ser em milímetros ou quilômetros, todavia na construção civil usa-se por padrão o centímetro.
Sendo assim, na escala de 1:50 – significa dizer que a medida real de 2 m foi dividida em 50 vezes para caber na planta baixa.
Ou seja, 2 divido por 50 é igual a 0,04 – convertemos 2 m em 200 cm, portanto, 200 cm divididos por 50 é igual a 4 cm.
Nessa escala, quando medirmos com a régua a distância de 4 cm desenhados, deveremos ler que a parede possuiu 2 metros.
Da mesma forma, queremos desenhar agora 6 m na planta baixa.
Convertemos 6 m em 600 cm e dividimos por 50 – o resultado é 12 cm, isto é, na planta baixa, 12 cm serão iguais a 6 m.
Mas não se preocupe, todos os desenhos vem com cotas (medidas).
Basta fazer a leitura, já que os cálculos são executados ou pelo arquiteto ou pelos programas que automaticamente já desenham as linhas nas escalas escolhidas pelo projetista.
Quais as informações que podem ser lidas na planta baixa?
A planta baixa da construção irá direcionar todos os outros projetos que ainda precisam ser elaborados.
Pois a planta baixa não é suficiente para se construir uma casa.
Mesmo sendo o projeto base, isto é, o guia principal de consulta, ainda assim a obra precisará de um projeto hidráulico, elétrico e estrutural antes do início da construção.
Abaixo alguns itens que podem ser interpretados na planta baixa:
- Plantas baixas humanizadas, ou seja, que contém desenhados os móveis, eletrodomésticos e jardins, darão a noção de espaço e facilitarão na escolha dos mesmo;
- Características dos materiais de revestimento em cada cômodo;
- Nível em que os pisos se encontram;
- Posicionamento da obra no terreno;
- Medidas iniciais para a locação de sapatas e baldrames;
- Áreas destinadas a reboco, pintura ou colocação de cerâmicas;
- Noções iniciais no desenvolvimento da arquitetura de interiores;
- Posicionamento do terreno em relação a áreas vizinhas.
Tipos de plantas baixas
Até aqui já conseguimos visualizar que apenas a planta baixa não será suficiente, no que se refere ao atendimento de todas as frentes que dependem de informações, seja na continuidade de projetos, seja na execução da obra.
Cada planta do projeto possui características específicas.
A planta até agora mencionada é genérica, e atende ao estudo da sua interpretação básica.
No entanto, outras plantas fazem parte do processo necessário de aprovação do projeto geral.
1 – Planta do pavimento térreo
É a planta que se encontra no nível da rua.
2 – Planta de pavimentos superiores
Na verdade essas plantas tem as mesmas características das plantas baixas do nível do terreno. De maneira idêntica demonstram cortes e vistas de paredes, janelas e portas, portanto, diferem apenas do pavimento que se encontram.
3 – Planta de subsolo
Da mesma forma que nos pavimentos superiores ou nas plantas baixas que estão na altura da rua, estas simplesmente estão localizas abaixo do nível do solo e podem ter vários andares para baixo. Geralmente passam as informações de projeto das garagens, estacionamentos, etc.
4 – Planta de mezanino
Não se considera um pavimento se o mezanino não possuir área superior a 1/3 da área total.
Assim sendo, a planta desse setor muitas vezes é apenas demonstrada em cortes.
5 – Planta de cobertura
A planta de cobertura é uma vista superior que apresenta cortes relevantes na fabricação da laje e do telhado.
Ela informa por exemplo a direção da queda de água da chuva, em outras palavras, a inclinação do telhado.
Os cortes mostram vistas referentes ao tipo de laje e posicionamento da caixa de água.
Também podem fornecer as características da impermeabilização, sombras e finalmente as cotas da cobertura.
Quando se analisa a planta de cobertura, é importante lembrar que as linhas desenhadas que se apresentam mais grossas, devem ser consideradas mais perto do observador, em contrapartida as mais finas estão mais distantes.
6 – Implantação
Também conhecida como planta de situação, ela mostra todos os pontos importantes que estão em seu entorno.
Calçadas, ruas, vegetação, nível do terreno, posição do mesmo no lote e seus limites, tudo isso se apresenta na planta de implantação.
Com ela será possível identificar as possíveis entradas de veículos levando-se em conta a posição das ruas.
Aspectos como a posição do nascer do sol, direção dos ventos, recuos obrigatórios, não só relacionados a outras obras mas também a córregos e matas de preservação
Além de mostrarem a construção em várias vistas, apresentando não só a cobertura mas também as fachadas.
Como fazer uma planta baixa
Uma planta baixa pode ser executada inicialmente a mão livre.
Esse estudo preliminar, mesmo que aparentemente pareça muito simples, requer bastante conhecimento e experiência.
As folhas utilizadas possuem o formato A4 – A3 – A2 – A1 e A0. Isso irá do gosto do arquiteto.
Já que apenas nos projetos executivos de implantação é que geralmente temos a padronização das folhas pelas normas vigentes.
Nesse estudo o arquiteto aplica uma série de conhecimentos e dados que ele próprio já recolheu em consultas com o seu cliente.
Ele começa esboçando paredes, cômodos, escadas, áreas de festa, jardins, tudo que o futuro proprietário vem sonhando e tentando explicar nas diversas entrevistas.
Mesmo nesses primeiro esboços, uma série de conhecimentos acadêmicos já é empregado.
Linhas com espessuras diversas representam texturas e estruturas diferentes.
O posicionamento da casa precisa começar a ser analisado levando em conta fatores como o sol, vento e limites do terreno.
Por fim, um “esboço arquitetônico”, que antes de mais nada já contém muito conhecimento, é apresentado como a ideia inicial.
Muitos arquitetos depois de esboçados os primeiros rascunhos, passam essas informações para programas assistidos por computador, um deles, o mais conhecido, chama-se AutoCAd.
Já que as ideias inicias estão criando forma, a planta baixa pode ser desenhada e redesenhada inúmeras devido a facilidade proporcionada pelos programas.
Portanto, quando o proprietário aprovar a última planta, a mesma já estará pronta para servir como base para os outros projetos.
Da importância de se contratar um arquiteto na execução da planta baixa
A planta baixa é a primeira etapa de projeto e a partir dela todos os outros são executados.
Esse ponto é de extrema importância, pois não bastará saber apenas as normas de desenho.
De fato, desenhar a planta baixa, com um pouco de noção de desenho técnico, pode ser aprendido em poucas semanas.
Então porque um arquiteto precisa estudar de 4 a 5 anos?
Justamente porque a quantidade de variáveis que a obra apresenta antes mesmos de ser rascunhada, exige que o profissional conheça não só as formas construtivas e as tendências de época, mas também que consiga extrair do cliente todas a suas expectativas.
Por exemplo, os gostos particulares relacionados ao cotidiano do cliente, hobbys, como gosta de se divertir, etc.
Se bem que ainda nem foi mencionado as questões de cálculos, administração dos custos e gerenciamento da mão de obra.
Vamos fazer uma planta baixa a mão livre?
- Em uma folha A3 comece a rascunhar um cômodo em que você possa se imaginar dentro;
- Pense que está olhando o cômodo de cima;
- Acrescente as paredes com linhas duplas, posicione as portas e janelas;
- Então saia do primeiro cômodo e desenhe o ambiente que está logo ao lado com o mesmo procedimento;
- Mesmo que inicialmente o resultado seja um emaranhado de cômodos e corredores que por fim não fazem justiça ao que você esta imaginado, não desista. Um arquiteto experiente poderá usar todas essas informações para construir a casa dos seus sonhos;
- Depois de desenhar todos os cômodos, adicione formas geométricas representando as camas, sofás, mesas, etc;
- Escreva o nome que cada cômodo representa;
- Ao mesmo tempo adicione a posição de tomadas, lampadas, não economize linhas nem ideias;
- Em seguida, tente imaginar agora a parte externa da casa;
- Rascunhe onde você deseja que fique a piscina, calçadas e a garagem;
Siga esses passos que por fim você terá dado o primeiro passo na construção da sua obra.
E agora?
O importante mesmo é a contratação de profissionais que possam direcionar as etapas da obra de forma clara e responsável.
Pois a planta de uma construção é basicamente auto explicativa e não apresentará dificuldades de interpretação com um pouco de atenção juntamente com os conhecimentos aqui apresentados
Mas se ainda assim você precisar de ajuda! Nos escreva e compartilhe suas dúvidas, iremos responder a todos elas.
Fabiano é Engenheiro Mecânico pós-graduado em Docência do Ensino Superior e especialista na construção de estruturas metálicas de médio e grande porte. Possui experiência na construção civil, principalmente em obras mistas. Defende uma engenharia sistêmica, mais humana e menos cartesiana. Preocupando-se com o estudo das partes que compõem a obra como um todo.